O marido, suspeito de manter a esposa em cárcere privado por cinco anos no Paraná, foi preso pela polícia nesta quarta-feira (16). Jean Machado Ribas, de 23 anos, estava foragido há mais de um mês e se apresentou à polícia, junto do seu advogado. O caso aconteceu em Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba.
O suspeito foi indiciado pela Polícia Civil do Paraná (PCPR) nesta terça-feira (15). Ele responde pelos crimes de cárcere privado, ameaça, violência psicológica e descumprimento de medida protetiva.
De acordo com a Polícia Civil, no último final de semana, Jean teria enviado mensagens à ex-mulher por meio de transferências via Pix e de um aplicativo, descumprindo medida protetiva.
Jean Machado Ribas foi preso em flagrante no dia 14 de março, mas no dia 16 de março, a audiência de custódia liberou o suspeito para responder o processo em liberdade.
Desde que foi solto, o marido que manteve a esposa em cárcere privado não foi mais localizado pela Polícia Civil e estava desaparecido desde então.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) chegou a solicitar a prisão preventiva do marido que manteve a esposa em cárcere privado por cinco anos, por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Rio Branco do Sul.
Segundo a Polícia Militar do Paraná (PM-PR), a esposa e o filho do casal, de 4 anos, foram encaminhados para uma unidade de saúde para realizarem exames médicos e depois foram a um local mantido em sigilo pela polícia.
Mesmo após exames de papiloscopia comprovaram que o suspeito preso no Distrito Federal não é o marido que manteve a esposa em cárcere privado por cinco anos no Paraná, o homem detido manteve a versão de que é o foragido.
Segundo o repórter William Bittar da RICtv, o suspeito afirmou em duas audiências de custódia realizadas no Distrito Federal que era Jean Machado Ribas. Ele foi preso no dia 27 de março em um carro de aplicativo, com posse de um revólver, munição e documentos falsos.
Mas a investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) apontou que o suspeito detido seria foragido pelos crimes de homicídio qualificado e roubo majorado.
Dessa forma, a Polícia Civil do Paraná trabalha com duas hipóteses para justificar a versão dada pelo suspeito preso:
A família do marido ou o próprio foragido pagou ao suspeito para que ele utilizasse essa versão e permitisse ao homem seguir em liberdade;
Por ter cometido os crimes de homicídio qualificado e roubo majorado, o suspeito está tentando se passar por Jean porque os crimes de cárcere privado e violência doméstica contra a mulher teriam menor pena do que os delitos cometidos por ele.
A esposa, que era vítima de violência doméstica e cárcere privado em Itaperuçu, Região Metropolitana de Curitiba, tentou ser resgatada pela primeira vez ao deixar um bilhete com pedido de socorro em um posto de gasolina de Itaperuçu.
“Me ajude moro no município de Itaperuçu. Sofro muita violência em casa”, disse a mulher no bilhete.
Segundo o aspirante a Oficial da Polícia Militar do Paraná Alexandretti, policiais fizeram diligências na zona rural de Itaperuçu após encontrarem o bilhete, mas não encontraram a mulher ou o marido na residência.
Mas a mulher conseguiu encaminhar um e-mail para a Casa da Mulher Brasileira e na última sexta-feira (14). Os policiais conseguiram prender o marido e resgatar a mulher.
Primeiramente, a vítima não delatou o companheiro aos policiais, mas durante o interrogatório ela chorou e confessou aos agentes a violência sofrida, bem como ter escrito o bilhete e enviado o e-mail.
A mulher relatou que o marido era acobertado por familiares, que eram coniventes com as agressões e o cárcere privado realizado nos últimos cinco anos. Em diversas ocasiões, a vítima disse ter sido amarrada, amordaçada e estrangulada.
Além disso, o marido utilizava uma câmera de segurança, presa em um poste de energia e voltada para a entrada da casa para monitorar a esposa.
A mulher também não era autorizada a ver ninguém, nem mesmo familiares, sem o aval ou a presença do marido.
A vítima também não tinha direito a ter um celular próprio, tendo que dividir o mesmo aparelho com o marido. Sendo que foi desse smartphone que ela conseguiu fazer a denúncia à Casa da Mulher.
Audios gravados pela esposa mantida em cárcere privado por cinco anos pelo marido mostraram diversas ameaças cometidas pelo homem neste período.
Os áudios foram obtidos pela Banda B. Confira abaixo algumas das ameaças feitas pelo marido a esposa.
Marido: “Se eu souber alguma coisa de você, eu te mato na mesma hora. Pode ser hoje, amanhã, um ano, não interessa”;
Esposa: “Se eu morrer e você ver que não fiz nada? Você falou ‘aquele dia quase te matei’, e eu nem fiz nada pra você”;
Marido: “A hora que eu te matar, é quase certeza que eu me mato também”;
Esposa: “E o filho?”;
Marido: “O filho fica com a mãe”;
Marido: “Se você não fez, você não morre. Se eu nunca descobrir nada, você não morre”;
Esposa: “Aquele dia eu não fiz nada pra você e você quase me matou […]. Toda vez você me bate, se eu tivesse escondendo as coisas eu tinha falado porque eu sei que eu tenho medo”;
Marido: “É que eu nunca peguei pra te matar de verdade, né”;
Esposa: “Matar de verdade? Se aquele dia eu pensei que eu ia morrer?”;
Marido: “Eu não quero matar ninguém, não quero ser nenhum matador, não quero matar nada de ser humano. Não é minha vontade matar. Eu sei que eu não quero. Só que alguma coisa tua se eu descobrir, não penso nem meia vez e já te mato”;
Esposa: “O que mais dói em mim, é você me bater, Jean. Você me bate como se eu fosse um homem. Você me bate de verdade. Se fosse um tapa… mas você me afoga, você me dá soco, você tampa a minha respiração, você sobe em cima de mim, você puxa o meu cabelo”;
Esposa: Não foi, um inferno, Jean. Aquilo lá nunca mais sai da minha cabeça. É olhar para tua cara e eu lembro de você me socando em cima do sofá. Eu não aguento mais entrar aqui, olhar no sofá e lembrar aquele dia que você me sufocou naquele sofá ali e o filho olhando para minha cara. Desde aquela vez que você me deixou com o rosto doendo. Você me deu um murro na cara, coisa que eu nem estava fazendo, e você me deu um murro na cara.
Fonte: RICtv
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