Pai encontra filha morta após desaparecimento e aponta suspeito de homicídio

Foto: Jornal Razão

Em menos de 72 horas, o nome de Uycelles André Souza Bünzen, de 33 anos, apareceu em três ocorrências policiais graves em Palhoça, na Grande Florianópolis (SC). A sequência de crimes começou com o furto de um veículo dos Correios e uma tentativa de suicídio, seguiu com o possível feminicídio da companheira, Brenda Fernandes de Souza, e culminou em um incêndio criminoso na casa do próprio suspeito, que pode ter sido um ato de represália.

1º de outubro: furto de veículo e tentativa de suicídio

Na tarde de terça-feira (1º), Uycelles abordou um carteiro dos Correios e, alegando estar armado, exigiu ser levado até a Guarda do Cubatão. Diante da recusa, ele roubou a Fiorino carregada de mercadorias e fugiu.

O veículo foi encontrado pouco depois abandonado na BR-101, no viaduto do bairro Aririu da Formiga. Populares relataram que o autor se jogou no Rio Cubatão. Policiais localizaram Uycelles em fuga e o prenderam deitado no chão próximo à margem do rio. Ele confessou ter ingerido veneno para vegetação, alegando que tentava tirar a própria vida após perder a mãe e o irmão.

O suspeito foi socorrido pelo Samu e encaminhado ao Hospital Regional de São José, onde permaneceu internado sob custódia policial.

2 de outubro: Brenda é encontrada morta e drogas são apreendidas

No dia seguinte, o caso ganhou proporções ainda mais graves. Por volta das 19h25, o pai de Brenda foi até a residência da filha, na Barra do Aririú, após não conseguir contato desde o dia anterior. A porta do quarto estava trancada. Ao arrombá-la, encontrou Brenda morta sobre a cama.

O pai relatou acreditar que a filha foi assassinada por Uycelles, com quem ela mantinha um relacionamento recente. Uma vizinha disse ter visto o suspeito saindo do local por volta da meia-noite. No entanto, registros do hospital e da polícia indicam que ele estava internado desde o dia 1º de outubro, o que lança dúvidas sobre o momento exato da morte.

A Polícia Científica constatou que o corpo não apresentava sinais evidentes de violência, mas havia indícios de sufocamento, a serem confirmados por exame pericial.

Durante as diligências, a Polícia Militar foi até outra casa atribuída ao suspeito, na Rua Rosa Emília Martins, bairro Bela Vista. A residência estava vazia, mas os policiais encontraram 570g de maconha, uma balança de precisão e material para embalo de drogas. A cena indicava movimentação intensa de tráfico.

Mesmo internado, Uycelles foi autuado em flagrante pelo feminicídio. A dúvida central da investigação é se o crime foi cometido antes ou depois de sua prisão no dia 1º.

3 de outubro: incêndio criminoso pode ter sido represália

Na madrugada de quinta-feira (3), por volta das 3h50, vizinhos acionaram os Bombeiros e a Polícia Militar após notarem um incêndio na mesma casa onde, no dia anterior, as drogas haviam sido apreendidas.

As chamas foram controladas antes que atingissem outras residências. No local, foi encontrado um galão de combustível, sugerindo que o fogo foi provocado de forma intencional.

Uycelles não estava na residência, pois seguia internado na UTI do Hospital Regional de São José, sob custódia. A principal suspeita é de que o incêndio tenha sido um ato de vingança — hipótese que ainda será analisada pela Polícia Civil.

A perícia não foi realizada no momento do fato, mas os Bombeiros informaram que um inspetor fará a análise em até dois dias. O caso foi registrado como incêndio doloso.

Situação atual

Uycelles André Souza Bünzen deve responder a uma série de acusações. A Polícia Civil investiga se o incêndio foi represália e tenta esclarecer se ele, de fato, teria saído do hospital antes da morte de Brenda, como sugerido por uma testemunha, ou se o feminicídio ocorreu antes do furto do carro dos Correios.

A comunidade local acompanha com atenção e medo os desdobramentos de um caso que mistura suicídio tentado, suspeita de assassinato, tráfico e incêndio criminoso, envolvendo um único nome e mobilizando três dias seguidos de ocorrências policiais em Palhoça.

Fonte: Jornal Razão