Tudo o que Gabriel Rocha, de 22 anos, mais sonha é um dia chegar ao céu e ver o mundo de cima, dentro da cabine de comando de um avião. O sonho começou quando ele ainda era criança e hoje, como adulto, viu a oportunidade de conquistá-lo vendendo tortas gourmet em um semáforo de Maringá, no norte do Paraná.
O objetivo é juntar dinheiro para cursar a formação de piloto de avião. Além de clientes, o rapaz conquistou admiração a amizade de motoristas e pessoas que trabalham em comércios locais e seguidores na internet.
Com o dinheiro das tortas, que começaram a ser vendidas em setembro deste ano, ele já conseguiu pagar a primeira etapa do curso teórico e deu início aos estudos. Cada uma custa R$ 13 e cerca de 100 unidades são vendidas por dia, em uma média de cinco horas. Entenda abaixo como as vendas funcionam.
As tortas são feitas pela noiva Vitória de Freitas, que com muito carinho monta as camadas de bolacha maisena, mousse de leite em pó, ganache de chocolate amargo e amendoim.
Antes de vender as tortas, Gabriel chegou a morar quatro anos com o pai em Luxemburgo para tentar conquistar o sonho de se tornar piloto. Mas, devido a problemas pessoais, teve que retornar ao Brasil no começo de 2025.
"O sonho sempre residiu em mim, porém fazer isso aqui no Brasil seria muito difícil. Em fevereiro eu achei que nunca mais iria conseguir entrar na aviação, porém eu me conectei com Deus novamente e me foi apresentado uma nova oportunidade de ganhar dinheiro vendendo doces na rua", contou Gabriel.
Gabriel também adicionou solidariedade às vendas no modelo de negócio e criou o "doce online". Com a iniciativa, pessoas que não são da cidade também podem pagar pelas tortas, que depois são distribuídas a pessoas em vulnerabilidade social. Segundo o jovem, até o momento, 200 foram entregues.
Inspirado em alguns exemplos na internet, o jovem planejou o modelo de negócio. Ele viu uma boa oportunidade de colocá-lo em prática em um dos cruzamentos mais movimentados da Cidade Canção, que é cercado por comércios e próximos a clinicas e hospitais.
Para chamar atenção dos clientes, Gabriel também decidiu se vestir com uma farda de comandante de avião. Para ele, essa também foi a forma que encontrou para se sentir parte da aviação mesmo ainda não voando.
As vendas começam em torno das 9h30. As tortinhas são armazenadas em uma caixa térmica e depois colocadas em uma bandeja de acrílico, junto com pequenas colheres de cortesia.
Com um plaquinha com a frase: "Eu quero ser piloto de avião, porém tudo tem um começo", Gabriel aborda os motoristas de uma maneira diferente.
"A minha abordagem costuma ser um pouquinho diferenciada do que o pessoal está acostumado. Ao invés de chegar dizendo que estou querendo realizar esse sonho e ofertando um produto, eu chego perguntando: 'Você está feliz hoje?' ai eu pergunto o nome da pessoa e falo: 'sei que você não saiu de casa com a intenção de passar neste semáforo e pegar uma tortinha minha' e ai apresento a minha história", contou Gabriel.
Para ajudar a ampliar a divulgação do projeto, Gabriel também criou um Instagram e um canal no Youtube, onde compartilha o dia a dia das vendas.
Mas, afinal, quanto custa uma formação
Com as vendas das tortas, Gabriel conseguiu pagar seis meses da formação teórica, que custa em torno de R$ 1.800. Em outubro, o jovem foi presenteado por um piloto da escola aviação onde estuda e ganhou a formação prática de 41,5 horas de voo de piloto privado.
Contudo, o objetivo de Gabriel é se tornar piloto de linhas aéreas. Para isso, ele ainda precisa juntar a quantia para cursar mais seis meses de formação teórica específica da categoria e fazer 100 horas de voo comercial. Juntas, elas custam em torno de R$ 130 mil.
A vontade de voar nasceu no coração de Gabriel quando ele ainda tinha apenas 9 anos. Tudo começou quando ele viu um vídeo sobre aviões na internet. Desde então, a paixão pela aviação só foi crescendo e o pai dele passou a incentivá-lo.
Com 10 anos, Gabriel viu pela primeira vez um show da Esquadrilha da Fumaça da Força Aérea Brasileira (FAB). No aniversário de 12, Gabriel foi presenteado com um voo panorâmico em Maringá, ofertado pela mesma empresa onde, após 10 anos, faz o curso de piloto.
"Eu fico extremamente grato à Deus por me permitir viver esse sonho de criança. Hoje eu estou muito perto de realizar algo que eu nunca pensei que fosse possível aqui no Brasil, tendo em vista de onde eu vim. A emoção é muita!", contou Gabriel.
Fonte: G1
Foto: Izabelly Fernandes/g1

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