Família faz velório conjunto de vítimas e autor após dupla tragédia: “como Jesus ensinou”

Velório coletivo reúne mãe, filha e o filho que as matou, em cerimônia marcada por fé, dor e perdão em Criciúma

A manhã desta sexta-feira (21) amanheceu marcada por comoção e silêncio no bairro Laranjinha, em Criciúma, Sul de Santa Catarina. Após a tragédia que chocou o estado — com a morte brutal de Rita de Cássia, de 59 anos, e sua filha Talia da Silva Silveira, de 26, assassinadas a facadas dentro da própria casa — a comunidade se reuniu para um último adeus.

O que poucos imaginavam é que o velório das duas vítimas também incluía o corpo do autor dos crimes: o próprio filho e irmão delas, Kelvin da Silva Silveira, de 33 anos, morto pela Polícia Militar durante a intervenção para tentar salvar as mulheres.

Culto coletivo, fé e perdão
A cerimônia de despedida aconteceu na Igreja Assembleia de Deus do bairro Laranjinha, onde Rita congregava e era conhecida como pastora atuante. Em meio a orações, abraços silenciosos e lágrimas incontidas, três caixões foram posicionados lado a lado: o da mãe, o da filha e o do agressor.

Familiares relataram que a decisão de realizar o velório coletivo foi tomada “em nome da paz” e daquilo que Rita pregava: perdão e acolhimento, mesmo em meio à dor. O gesto foi interpretado por muitos como um ato de fé genuína, “do jeito que Jesus ensinou”.

“Estamos sepultando três dores”

Talia deixa três filhas pequenas. Uma delas, de apenas 3 anos, conseguiu escapar da tragédia ao fugir para a casa de vizinhos momentos antes do ataque, após Kelvin apontar uma arma para sua cabeça. Ele estava em surto psicótico, sob efeito de drogas, e afirmava estar em uma “missão para matar todos”.

Durante o velório, familiares de Rita e Talia destacaram o legado de amor e serviço que ambas deixaram na comunidade. Kelvin foi descrito como uma “alma que se perdeu”, mas que jamais deixou de ser parte da família.

Sepultamento no mesmo cemitério

Após o culto de despedida, realizado às 13h, os três corpos foram levados juntos para o Cemitério São Marcos.

A Polícia Civil segue investigando as circunstâncias do crime, que envolveu múltiplas facas, uma espingarda e um buraco iniciado no porão da casa — supostamente cavado por Kelvin para ocultar os corpos.

O caso continua sob análise pericial e testemunhal, mas na igreja, nesta sexta, só houve espaço para uma palavra: perdão.

Fonte: G1