A confirmação da gripe aviária em uma granja comercial do Rio Grande do Sul e a suspeita de quatro casos em Santa Catarina na última semana, colocaram o Estado em alerta para a doença que tem alta mortalidade entre os animais. Considerado o segundo maior exportador de carne de frango do Brasil em 2024, com 1,17 milhão de toneladas do produto, o território catarinense reforçou medidas de biosseguridade para garantir a proteção e dar segurança aos países importadores.
Segundo Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Santa Catarina tem um papel de “extrema importância” na produção de aves, além de ser referência em questões sanitárias.
— Santa Catarina tem 14,5% das aves produzidas no Brasil e tem 22% das exportações, ou seja, é um player importantíssimo. Além disso, tem o fato de ser livre de febre aftosa sem vacinação há mais de dez anos, exportando para a maioria dos mercados, com reconhecimento do status sanitário de excelência. Por isso é muito importante para o Brasil e para o mundo, nos países com os quais ela colabora na segurança alimentar — explica.
Entre domingo (18) e quinta-feira (22), Santa Catarina registrou quatro suspeitas de casos de gripe aviária. Do total, três foram descartados pelas análises laboratoriais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), segundo a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). Um caso seguia em investigação até a manhã de sexta-feira (23).
O primeiro caso suspeito de gripe aviária em Santa Catarina foi registrado em Ipumirim, no Oeste, em uma granja comercial. O segundo em Garopaba, no Sul, em um quero-quero, animal silvestre de vida livre. A terceira suspeita foi em uma galinha doméstica criada em uma propriedade de subsistência, em Chapecó, no Oeste. O quarto, ainda investigado pelo Mapa, foi registrado também em uma galinha de subsistência de Concórdia.
A suspeita de gripe aviária em granja comercial coloca o Estado em alerta para a biosseguridade pela alta mortalidade que o vírus apresenta aos animais.
— Essa doença não se transmite aos humanos pelo consumo das carnes e dos ovos, o mundo inteiro convive com ela, mas o perigo é que a gente precisa proteger os nossos animais, não só pelo bem-estar, mas também pela proteção para que não morram infectados por esse vírus — explica o presidente da ABPA.
Segundo a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), casos em aves silvestres e em aves de subsistência, que não sejam os notificados em granjas comerciais, acontecem no Brasil desde 2023.
Alerta máximo em Santa Catarina
Santa Catarina reforçou as medidas sanitárias ainda na sexta-feira (16), após a confirmação de um caso de gripe aviária em Montenegro, no Rio Grande do Sul, na quinta-feira (15). Em uma nota conjunta, a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (SAR) e a Cidasc emitiram um alerta máximo para que a avicultura comercial reforce as medidas de biosseguridade. O comunicado diz, ainda, que os produtores devem proibir visitas de pessoas alheias ao sistema de produção.
Os médicos-veterinários da Cidasc também foram orientados a manter a avaliação criteriosa nos atendimentos de casos suspeitos de gripe aviária, além de intensificar as orientações durante as vigilâncias e certificações de rotina em planteis de aves comerciais.
— Cuidados com a água, com a ração, com telas, calçados e roupas, não ter visitas para entrar no aviário. Fechar as aves de subsistência em um local telado, pois sabemos que o vírus está circulando e temos que manter as aves silvestres afastadas desses ambientes. Importante saber que a carne de aves e ovos não transmitem a doença ao ser humano. Podem e devem ser consumidos normalmente — diz a presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos.
O veto se aplica às cidades gaúchas de Cachoeirinha, Canoas, Capela Santana, Esteio, Gravataí, Montenegro, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Portão, São Leopoldo, Sapucaia do Sul e Triunfo.
Ainda segundo a nota, todas as cargas autorizadas a ingressar no Estado, oriundas do Rio Grande do Sul, deverão obrigatoriamente passar por desinfecção nos Postos Fixos de Fiscalização (PFFs), sob responsabilidade do Serviço de Defesa Sanitária Animal de Santa Catarina. Também foram intensificadas as orientações durante as vigilâncias e certificações de rotina, tanto em planteis de aves comerciais, quanto em aves de subsistência, sobre a importância da biosseguridade na prevenção das doenças das aves
— Nós fizemos uma rastreabilidade das aves que vieram, que poderiam ter vindo daquela região onde foram os focos, as aves comerciais. Mas, pela rastreabilidade, ficou comprovado que não veio nenhuma ave daquela região nos últimos 60 dias. Esse período é mais do que suficiente para nos assegurar que não houve vínculo que possa causar algum risco para as nossas aves aqui — afirmou a presidente da Cidasc.
A Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), é uma doença das aves causada por vírus. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas).
Fonte: NSCtotal
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