Vítima de cárcere simula desmaio e consegue fugir para pedir ajuda

Foto: RPC

A mulher de 27 anos que fingiu passar mal para ser levada a um hospital e conseguir pedir socorro após ser agredida e mantida em cárcere privado pelo companheiro conta que chegou a encenar um desmaio para forçar que o homem a levasse para atendimento médico.

O relato foi dado em entrevista à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná. O caso aconteceu nesta segunda-feira (16) em Pitanga, na região central do Paraná, quando o suspeito, Anderson Elmatos, de 40 anos, foi preso em flagrante. Relembre detalhes mais abaixo.

O casal morava junto há cerca de dois meses.

Durante as brigas, o homem se mostrava agressivo, mas a situação piorou no Dia dos Namorados, conta a vítima. Segundo ela, neste dia ele a agrediu com um relho (chicote de couro que costuma ser usado para bater em cavalos) e, desde então, proibiu que ela saísse de casa, a mantendo em cárcere privado.

"Ele tirou toda a minha liberdade: quebrou meu celular no dia da briga, me proibia de conversar com vizinhos e visitas que chegavam em casa, com medo de eu pedir ajuda... Ele falava assim pra mim: 'Se você chamar a polícia, eu te mato'", recorda a vítima.

Na segunda-feira (16), ela convenceu o companheiro a sair de casa junto com ele e teve a ideia de fingir passar mal para ser levada a um hospital, com a esperança de que conseguisse conversar a sós com algum profissional para pedir ajuda.

"Eu fingi um desmaio na garupa da moto no meio da rodovia. Caí e me levaram pro hospital, momento em que pedi ajuda para as enfermeiras. Falei que estava sendo vítima de violência doméstica, que não conseguia sair da casa desde o Dia dos Namorados. [...] A única chance que eu consegui foi daquele jeito; foi arriscar a minha vida, fazendo acontecer uma acidente na BR, pra eu poder me salvar, pra poder ir pro hospital e conseguir pedir ajuda", ressalta.

Agora, a expectativa da mulher é que o ex permaneça preso e não faça mais mal a ela - mas o trauma deve acompanhá-la ao decorrer da vida.

"Minha mãe podia estar chorando hoje no meu velório. [...] O medo eu vou carregar pro resto da vida", afirma.

Em nota, o advogado Leandro madureira, que atua na defesa de Anderson, afirma que "a realidade dos fatos é totalmente diversa da narrativa trazida pela suposta vítima", e que "a verdade será devidamente apontada no decorrer da instrução".

Homem foi preso em flagrante

A PM foi acionada pela equipe do hospital, que, segundo a corporação, constatou lesões em um dos braços e nas costas da vítima.

Anderson foi detido em flagrante no local, e nesta terça (17) teve a prisão convertida em preventiva. Com isso, ficará encarcerado por tempo indeterminado.

Ele está sendo investigado pelos crimes de cárcere privado, injúria e lesão corporal no âmbito da violência doméstica, e ainda não possui defesa constituída.

De acordo o delegado Paulo Emilio Terra, o homem possui diversas passagens anteriores pela polícia, por crimes como porte de drogas, tráfico, ameaça, porte de armas e até feminicídio.

FONTE: G1 PARANA