O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), disse, nesta sexta-feira (11/7), que a Crefisa é alvo de uma auditoria interna da pasta para verificar reclamações contra empréstimos consignados oferecidos pela empresa de crédito.
A informação foi repassada em sabatina da 20ª edição do congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Em um dos painéis, na manhã desta sexta, o ministro respondeu às perguntas dos jornalistas Breno Pires, Basília Rodrigues e Luiz Vassallo.
Investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal (PF) apuram se há relação entre a farra dos descontos indevidos de aposentadorias, revelada pelo Metrópoles, e empresas de crédito consignado que, assim como as associações investigadas, dependem de acordos técnicos com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) para receber pagamentos direto da folha de pagamento de aposentados e pensionistas.
No fim de 2024, a Crefisa venceu 25 dos 26 lotes de um leilão do INSS para fazer o pagamento dos benefícios previdenciários. A empresa começou a operar em janeiro, mas é alvo de reclamações semelhantes às denúncias sobre associações de aposentados, que são alvo da Operação Sem Desconto, da PF.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) encaminhou ofício ao INSS, à DataPrev, à CGU, ao Banco Central e à Federação Brasileira de Bancos (Febrabran) em que solicita esclarecimentos urgentes sobre supostas violações contratuais cometidas pela Crefisa, como empréstimos não solicitados e falta de transparência.
Questionado pelo repórter do Metrópoles Luiz Vassallo, autor da série de reportagens que revelou o escândalo do INSS, se algum banco passa por escrutínio do Ministério, Queiroz respondeu que sim e citou o exemplo da Crefisa.
“Existe [investigação] em relação à Crefisa, por exemplo”, respondeu o ministro. “Nós recebemos a OAB lá no Ministério e encaminhamos a reclamação, o processo da OAB, diretamente para o Setor de Inteligência do Ministério. Pedi para que o setor de Inteligência do Ministério, juntamente com a força-tarefa previdenciária, fizesse um pente fino”, acrescentou.
Wolney disse que enviou um expediente à Febraban, informando sobre a auditoria que estava em curso e que a apuração não se restringe à Crefisa. “Estamos fazendo uma varredura no crédito consignado como um todo”, disse.
O ministro diferenciou, porém, as associações de fachada para fraudar aposentados dos créditos consignados, operados por correspondentes bancários, as chamadas “pastinhas”, que são ligadas a bancos e, portanto, reguladas, lastreadas e fiscalizadas pelo Banco Central. Há uma estimativa de que existam cerca de 320 mil correspondentes bancários atuando no Brasil.
A farra do INSS
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023.
Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU).
Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Conversa com associações
Queiroz disse que uma das primeiras atitudes que tomou ao assumir o Ministério da Previdência fio conversar com a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e a Febraban. Ele foi alertado sobre problemas no consignado em audiência pública no Senado Federal.
“Fizemos uma reunião longa com o Isaac [Sidney], [presidente] da Febraban, e eu disse a ele: eu não vou defender bancos e nem defender o consignado. Vocês que me apresentem os dados desse produto para provar à sociedade e ao Parlamento que vocês têm números”, contou.
“E os números que eles mostram, são números, digamos assim, aceitáveis. Porque eles mostram que o assédio, que é aquela quantidade enorme de ligações para os aposentados, aquele assédio diminuiu 71% nos últimos três anos”, acrescentou.
Fonte: Metrópoles
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