Investigado usa celular para movimentar milhões em paraíso fiscal

Foto: Arte/Metrópoles

Artigos de grife, carros de luxo, mansões avaliadas em milhões e viagens pelo mundo. Influenciadores que nasceram em cenários distantes dos chamados berços de ouro, têm exibido, nas redes sociais, padrões de vida luxuosos — conquistados quase do dia para a noite.

Investigações do Ministério Público e das Polícias Civis de diversos estados revelam o esquema ilícito e lucrativo por trás das fachadas: o chamado “Jogo do Tigrinho”.

O cenário luxuoso e a abertura de empresas são ferramentas comumente usadas para aplicar o dinheiro na economia formal e fugir de possíveis investigações. Esses criadores de conteúdo costumam publicar fotos em carros de luxo, mansões de alto padrão e compartilhar vídeos de viagens mundo afora.

Um exemplo da falcatrua é Maria Karollyny Campos Ferreira. A influenciadora, conhecida como Karol Digital, que acumula mais de 1,5 milhões de seguidores nas redes sociais, foi presa na última semana durante uma operação deflagrada pela Polícia Civil do Tocantins (TO).

Como forma de dar aparência de legalidade ao dinheiro supostamente conquistado em um esquema milionário que envolve exploração de jogos de azar, lavagem de dinheiro e associação criminosa, a mulher teria aberto o próprio salão de beleza e passado a vender cosméticos.

Entretanto, embora se apresentasse como empresária, o império ostentado por ela era muito maior do que o que poderia ser construído com suas atividades profissionais, conforme apontam as investigações.

Karol Digital tinha sete veículos sofisticados em seu nome. Os automóveis, que foram apreendidos na operação, são avaliados em cerca de R$ 5.528.000.

Entre os veículos há um Porsche avaliado em R$ 979 mil, uma RAM 3500 de valor estimado em R$ 475.000,00 e uma McLaren, modelo Artura, que custa cerca de R$ 3,1 milhões.

Karol, que é ex-presidiária por assalto à mão armada, acumulou uma fortuna com a propaganda dos jogos. Isso, segundo a polícia, enganando seus seguidores e prometendo ganhos irreais a quem se cadastrasse em seus links e apostasse nas plataformas.

As investigações revelam que, entre janeiro de 2019 e outubro de 2024, ela teria movimentado mais de R$ 217,6 milhões com os jogos ilegais.

Megaoperação contra influenciadores

Apesar de ser um modelo concreto da estrutura criminosa, Karol Digital não é a única famosa a ser objeto de investigação. No início deste mês, uma megaoperação da Polícia Civil do Rio de Janeiro mirou 15 influenciadores, em diferentes estados. Eles faziam publicações nas redes incentivando os jogos ilegais.

Foram eles:

Anna Beatryz Ferracini Ribeiro, conhecida como Bia Miranda.

Jenifer Ferracini Vaz, a Jenny Miranda, que é mãe de Bia.

Samuel Sant Anna da Costa, o Gato Preto, que tem um filho com Bia Miranda.

Rafael da Rocha Buarque, o Buarque, também pai de um filho de Bia Miranda.

Mauricio Martins Junior, conhecido como Mau Mau ZK.

Paola de Ataíde Rodrigues, a Paola Ataíde.

Tailane Garcia dos Santos Laurindo, a Tailane Garcia.

Paulina de Ataíde Rodrigues, a Paulina Ataíde.

Nayara Silva Mendes, a Nayala Duarte.

Lorrany Rafael Dias, a Lorrany Rafael.

Vanessa Vatusa Ferreira da Silva, a Vanessinha Freires.

Tailon Artiaga Ferreira Silva, o Mohammed MDM.

Ana Luiza Ferreira do Desterro Guerreiro, a Luiza Ferreira.

Micael dos Santos de Morais, da Agência MS.

Os investigadores da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) identificaram que os 15 influenciadores exibem vida de luxo, com carros de alto padrão, viagens internacionais e imóveis caros. Eles também são suspeitos de usar uma rede empresarial para ocultar a origem ilícita dos valores obtidos.

A ostentação foi apontada pela polícia como “sinais claros de enriquecimento incompatível com a renda declarada”.

Além de exibir o luxo, os 15 costumam fazer publicações nas redes sociais incentivando os jogos ilegais e prometendo lucro fácil.

As investigações apontaram que os envolvidos somam movimentações bancárias suspeitas no valor de até R$ 4 bilhões.

Os investigadores chegaram ao valor com base em relatórios de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Fonte: Metrópoles