A passagem de Rafah, fronteira entre Gaza e Egito, será reaberta na segunda-feira (20) para palestinos que desejam retornar ao território, informou neste sábado (18) a embaixada palestina no Egito. O ponto, porém, continuará fechado para saídas, restringindo o trânsito de pessoas e o fluxo de ajuda humanitária.
“O número de pessoas registradas para retornar a Gaza é muito grande”, disse à Associated Press Naji al-Naji, conselheiro cultural da embaixada palestina no Cairo.
A passagem de Rafah é a única via de acesso a Gaza que não era controlada por Israel antes da guerra, mas está fechada desde maio de 2024, quando forças israelenses assumiram o controle do lado palestino da fronteira. A reabertura parcial pode facilitar o retorno de residentes, mas não resolve o bloqueio para quem tenta sair da região em busca de tratamento médico ou refúgio.
Guerra e reconstrução
Enquanto a reabertura é aguardada, equipes de resgate seguem recuperando corpos sob escombros em meio ao cessar-fogo em vigor há mais de uma semana. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, o número de mortos ultrapassou 68 mil desde o início do conflito, em 2023. Israel contesta os dados, mas não divulga seu próprio balanço.
O conflito começou quando militantes do Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando 251 reféns. Desde então, a guerra devastou o enclave palestino e provocou crise humanitária sem precedentes.
Entrega de reféns e cessar-fogo frágil
Neste sábado, Israel identificou o corpo de Eliyahu Margalit, de 76 anos, um dos reféns entregues pelo Hamas no dia anterior. O grupo afirmou que as buscas por restos mortais são dificultadas pelos bombardeios anteriores e munições não detonadas.
Como parte do acordo de cessar-fogo mediado internacionalmente, Israel também devolveu 15 corpos de palestinos à Faixa de Gaza, elevando o total de corpos repatriados para 135.
Mesmo assim, o Hamas acusa Israel de continuar atacando posições no território. O grupo diz que 38 palestinos foram mortos desde o início da trégua, o que viola os termos do acordo. Israel nega e afirma agir apenas em situações de “ameaça iminente”.
Ajuda humanitária insuficiente
O Hamas e agências da ONU pedem que o Egito e Israel aumentem o fluxo de ajuda humanitária. Segundo as Nações Unidas, apenas 339 caminhões de suprimentos foram descarregados desde o início do cessar-fogo — muito abaixo dos 600 diários previstos no acordo.
Dados israelenses, por outro lado, indicam que mais de 900 caminhões cruzaram a fronteira na quinta-feira, incluindo envios comerciais.
A ONU afirma que a situação humanitária é crítica, com fome generalizada e mais de 400 mortes ligadas à desnutrição, incluindo mais de 100 crianças. Israel nega restrições severas e acusa o Hamas de desviar parte dos alimentos — alegação rejeitada pelas agências internacionais.
Próximos passos
O cessar-fogo, mediado por países como Egito, Catar e Estados Unidos, ainda é frágil. O presidente americano Donald Trump afirmou que autorizaria Israel a retomar as operações militares caso o Hamas não cumpra integralmente o acordo e devolva os 18 reféns restantes.
O grupo islamista, por sua vez, insiste que mantém o compromisso e pede garantias internacionais para o cumprimento da trégua e início da reconstrução de Gaza, onde mais de 2 milhões de pessoas vivem sob bloqueio e colapso de infraestrutura após dois anos de guerra.
Fonte - G1
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