O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) deflagrou nesta sexta-feira (31) a Operação Nuremberg, que teve alvos em Curitiba, Araucária e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana. A ação busca desarticular um dos maiores e mais violentos grupos neonazistas em atividade no Brasil, suspeito de disseminar discursos de ódio e planejar ataques em diferentes estados.
De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina, os integrantes desse grupo são de diferentes formações e ocupações, demonstrando a capacidade da disseminação de ideologia extremista na sociedade.
“Verificou-se que parte dos investigados participava ativamente da produção e difusão de conteúdos de ódio em ambientes virtuais, utilizando-se de perfis falsos e fóruns voltados à propagação de ideias supremacistas. A atuação articulada e tecnicamente estruturada do grupo evidencia elevado grau de organização e planejamento das ações”, disse o MP.
Como funcionava o Grupo Neonazista
Conforme a promotoria, o grupo mantinha encontros presenciais regulares, nos quais eram debatidos temas voltados à disseminação da ideologia neonazista e ao recrutamento de novos integrantes. Essas reuniões serviam para o planejamento de ações e, em alguns casos, “para a organização de confrontos com grupos ideologicamente opostos”, disse o MPSC.
“Os integrantes se autodenominam skinheads neonazistas e adotam como símbolo o “Sol Negro”, emblema associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana, tendo ao centro a figura de um fuzil AK-47. O símbolo, segundo a própria interpretação do grupo, representa a supremacia branca e a exaltação da violência, evidenciando a disposição para o uso da força como instrumento de imposição ideológica”.
Os investigadores descobriram que dentro da organização existe uma estrutura hierarquizada, com fichas de ingresso, produção de camisetas exclusivas e cobrança de mensalidades obrigatórias aos integrantes “oficialmente batizados”. Além disso, as contribuições, segundo o MP, eram destinadas ao custeio de despesas internas, como aquisação de materiais de propaganda e manutenção das atividades do grupo.
“Foi ainda constatada a realização de uma cerimônia de “batismo”, ritual de iniciação voltado à admissão de novos integrantes. Essa prática tinha como objetivo fortalecer os laços internos e reafirmar o compromisso com a ideologia extremista, constituindo elemento essencial para a coesão e expansão da organização”, informou a promotoria.
Os mandados contra o grupo neonazista foram cumpridos pelo Gaeco e o CyberGAECO na operação denominada como Nuremberg. Além dos municípios paranaenses, foram cumpridos mandados em Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
A operação foi realizada simultaneamente em cidades dos quatro estados:
São Paulo – Campinas, São Paulo, Taboão da Serra e Osasco;
Paraná – São José dos Pinhais, Curitiba e Araucária;
Santa Catarina – Cocal do Sul, Jaraguá do Sul;
Sergipe – Aracaju;
A operação recebeu o nome de Nuremberg em alusão aos julgamentos realizados após a Segunda Guerra Mundial, que de acordo com a promotoria, representam um marco na responsabilização de indivíduos por crimes de ódio, extremismo e intolerância.
Durante as buscas foram apreendidos diversos materiais de apologia ao nazismo. Foram apreendidos ainda armas brancas, faca e “soco inglês”.
Fonte: RICTV
Foto: Divulgação / MPSC

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