Mais uma iniciativa inovadora passa a integrar a Incubadora Tecnológica (Intec) do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar): a Simulavet, startup que está desenvolvendo simuladores para treinamentos cirúrgicos veterinários. A empresa trabalha para aprimorar e nacionalizar um produto que hoje só existe no exterior, uma pele artificial capaz de reproduzir procedimentos cirúrgicos com realismo, oferecendo uma alternativa ao uso de cadáveres de animais.
Com o apoio da Intec, o Tecpar está auxiliando a Simulavet no processo de industrialização, um passo essencial para transformar um protótipo ainda artesanal em um produto capaz de atender, em escala, faculdades e centros de treinamento em todo o país.
A ideia da pele artificial surgiu durante a pesquisa de mestrado do médico-veterinário, professor universitário e fundador da Simulavet, Matheus Cruz. Ele explica que a obtenção ética de cadáveres está cada vez mais difícil, já que tutores procuram cremação e sepultamento, o que reduz a disponibilidade para fins acadêmicos. O resultado disso é a reutilização excessiva de cadáveres já em processo de decomposição, o que compromete a segurança e a qualidade do treinamento. “A putrefação altera completamente os tecidos, e isso deixa de simular um procedimento real. O objetivo dos simuladores é substituir esse cenário, garantindo segurança, padrão nas aulas e a possibilidade de remontar os modelos para repetir os treinamentos”, diz Cruz.
No início, a Simulavet não tinha foco empresarial: o objetivo era apenas criar protótipos funcionais para a ciência. Mas a parceria com o Tecpar mudou esse cenário. Com orientação técnica e apoio no desenvolvimento, a equipe passou a aperfeiçoar materiais, reduzir custos e chegar a resultados mais consistentes para lançar o produto comercialmente já no início de 2026.
“Procurei a Intec com receio de que o projeto não fosse relevante o suficiente. Ser aceito pelo Tecpar foi uma validação enorme. Tudo o que vi passar por aqui cresceu e se tornou referência. Para mim, foi um divisor de águas. Eu nunca tinha tido contato com o universo do empreendedorismo, e agora consigo enxergar o futuro de forma muito mais concreta”, afirma Cruz.
O diretor-presidente do Tecpar, Eduardo Marafon, observa que o papel da incubadora tecnológica é justamente esse que o empreendedor está vendo na prática: tornar uma ideia em um produto viável, para apoiar o desenvolvimento de novos negócios no Paraná. “O Tecpar tem como missão ser um indutor de desenvolvimento social e econômico no Estado e a incubadora é um dos braços para gerar apoio a novas empresas, que, ao crescer, geram emprego e renda no Paraná”, afirma Marafon.
APOIO NA PRÁTICA – Neste momento, a Simulavet está desenvolvendo a logomarca, o planejamento financeiro, novas peças e melhorias nas versões já existentes. A meta é otimizar a pele artificial e avançar para outros tipos de simuladores, como modelos de entubação, acesso venoso, órgãos para castrações e simuladores de drenagem de tórax, fundamentais em situações de emergência.
Segundo Rogério Moreira de Oliveira, gerente do Creative Hub do Tecpar, a proposta é trabalhar o desenvolvimento tecnológico e o modelo de negócio simultaneamente. “A empresa busca suprir o mercado da educação veterinária com um insumo acessível para testes e simulações. Hoje todos os concorrentes são importados e isso encarece muito o ensino. Então a incubadora vem para apoiar esse negócio”, explica.
A médica veterinária Allessandra Kopf participou dos testes do primeiro protótipo ainda em 2017, quando era estudante. A experiência marcou sua formação. “Durante as aulas de técnica cirúrgica, testei o simulador desenvolvido pelo professor Matheus. A textura é muito mais próxima da pele animal, especialmente na hora de realizar suturas. Dá para trabalhar as camadas pele, musculatura, subcutâneo, de um jeito muito mais realista. Isso traz eficiência, segurança e diminui significativamente o uso de cadáveres”, conta.
INCUBADORA DO TECPAR – Criada em 1989, a incubadora do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) é a primeira incubadora de base tecnológica do Estado. Atualmente, passam pelo processo de incubação nove empresas, dos mais variados ramos de atuação.
A Intec está com edital aberto para novos ingressos de empresas ou startups no seu programa de incubação. Estão sendo selecionadas empresas de base tecnológica que tenham propostas de produtos, serviços ou modelos de negócio inovadores. Para se candidatar a uma vaga, os participantes precisam demonstrar inovação em seu projeto, conforme critérios que serão avaliados por uma banca examinadora.
Fonte: AEN
Foto: Hedeson Alves/Tecpar

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