Um estudo da Northern Arizona University (NAU), divulgado pela própria instituição em 22 de setembro, apresenta uma nova ferramenta que pode ajudar a identificar a doença de Alzheimer antes mesmo do surgimento dos sintomas, como falhas de memória e confusão mental.
A proposta é observar alterações no funcionamento do cérebro a partir de uma simples análise de sangue. O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que se desenvolve lentamente. Durante anos, o cérebro passa por mudanças silenciosas até que os primeiros sinais fiquem evidentes.
Um dos principais problemas é que, quando o diagnóstico finalmente acontece, a doença já está em estágio avançado. Por isso, encontrar formas de detectar o Alzheimer mais cedo é uma das grandes prioridades da ciência.
O que muda no cérebro antes dos sintomas
Antes de afetar a memória, o Alzheimer altera a forma como o cérebro usa a glicose, que é sua principal fonte de energia. O órgão precisa desse combustível para manter funções como pensamento, aprendizado e controle dos movimentos. Quando o processo começa a falhar, pode ser um sinal inicial da doença.
Até hoje, medir essas mudanças exigia exames caros, complexos ou invasivos. Em alguns casos, era necessário o uso de equipamentos sofisticados ou procedimentos hospitalares que não são acessíveis para a maioria da população.
Como funciona a nova “biópsia” do cérebro
A equipe da Northern Arizona University propõe uma alternativa mais simples. Os cientistas analisam microvesículas, que são partículas muito pequenas liberadas pelas células do cérebro e que circulam no sangue. Essas estruturas carregam informações sobre o que está acontecendo dentro dos neurônios.
Ao coletar uma amostra de sangue e isolar essas microvesículas, os pesquisadores conseguem observar sinais do metabolismo cerebral — como se fosse uma “biópsia” do cérebro, mas sem cirurgia, agulhas no cérebro ou exames complexos. Segundo os pesquisadores, as microvesículas podem revelar alterações no uso da glicose anos antes de os sintomas do Alzheimer aparecerem.
Detectar o Alzheimer de forma precoce pode mudar completamente o cuidado com a doença. Com um diagnóstico antecipado, médicos poderiam acompanhar melhor os pacientes, iniciar tratamentos mais cedo e até testar estratégias para retardar a progressão da condição.
A ideia é semelhante ao que acontece com exames de colesterol ou glicose: identificar riscos antes que o problema se torne grave. No caso do Alzheimer, isso poderia significar mais tempo de autonomia e qualidade de vida para os pacientes.
Até agora, os testes foram feitos para validar o método e entender se ele funciona de forma confiável. Os próximos passos incluem comparar os resultados entre pessoas saudáveis, indivíduos com comprometimento cognitivo leve e pacientes já diagnosticados com Alzheimer.
Apesar do potencial, a nova técnica ainda não está disponível para uso clínico. Ela precisa passar por mais estudos, com um número maior de participantes, para garantir precisão e segurança.
Fonte: Metrópoles
Karoline
Foto: Reprodução

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