Um levantamento com base em dados oficiais do Portal da Transparência, mostra que a Prefeitura de Pato Branco acumula R$ 9.848.417,81 em empenhos a pagar, valores referentes a despesas já contratadas e ainda não quitadas até 27 de outubro de 2025.
Os números revelam atrasos generalizados em pagamentos de obras, contratos e serviços — e escancaram uma crise concentrada na área da saúde, que responde por R$ 6.612.624,49, ou seja, cerca de 67% de todas as pendências financeiras do município.
Saúde pública no vermelho
A Fundação Municipal de Saúde de Pato Branco (FM Saúde) acumula R$ 6,6 milhões em dívidas vencidas, que afetam clínicas, hospitais, consórcios regionais e prestadores de serviços médicos.
Os pagamentos estão atrasados desde janeiro, e alguns contratos somam três meses de inadimplência, impactando diretamente o atendimento à população.
Entre os principais credores da saúde estão:
🏥 Consórcio Intermunicipal de Saúde – R$ 1.000.000,00 (vencido em 19/01/2025)
🚑 Consórcio da Rede de Urgências (SAMU) – R$ 301.535,66 + R$ 301.535,66 + R$ 301.535,66 (vencimentos sucessivos)
🧬 Instituto de Saúde São Lucas (ISSAL) – R$ 89.561,23 + R$ 187.926,51 + R$ 104.035,59 + R$ 187.926,51 + R$ 83.830,50 + R$ 30.280,00 + R$ 71.788,26 = R$ 755.348,10
🏥 Instituto Policlínica Pato Branco – R$ 207.578,65 + R$ 78.677,12 + R$ 69.548,53 + R$ 12.592,18 + R$ 78.879,01 = R$ 447.275,49
🩻 CDIP – Clínica de Diagnóstico por Imagem – R$ 52.205,72 + R$ 52.542,46 + R$ 40.419,99 = R$ 145.168,17
🏥 Hospital da Visão – R$ 32.321,63
⚕️ Outros prestadores (Ortotrauma, Revitta, Longhi Oliveira, JBWA, entre outros) – cerca de R$ 380 mil
Somados, os dados indicam um cenário de inadimplência generalizada, com impacto direto sobre o sistema de saúde pública local.
“As clínicas e hospitais seguem atendendo por responsabilidade, mas o atraso ultrapassa 90 dias em alguns casos. O caixa da saúde está estrangulado”, afirmou uma fonte da própria fundação.
Discurso de “dívida herdada” perde sustentação
Desde o início do mandato, o prefeito Géri Dutra (PL) tenta sustentar o argumento de que herdou dívidas da gestão anterior.
No entanto, técnicos da área contábil e servidores de carreira afirmam que o que restou de 2024 foi o chamado “tombo de mês” valores de transição comuns entre exercícios, sem impacto estrutural nas contas públicas.
Logo nos primeiros dias de 2025, o prefeito decretou moratória municipal, suspendendo pagamentos sob o argumento de “crise herdada”.
A medida foi considerada política e sem base técnica, e o Ministério Público do Paraná emitiu recomendação formal para revogação imediata, alertando que o decreto não possuía embasamento contábil e colocava em risco a continuidade dos serviços essenciais, especialmente na saúde.
“O MP destacou que a moratória “não encontrava justificativa técnica e poderia prejudicar o atendimento à população”.
Mesmo após o recuo parcial, a situação não foi normalizada, e os débitos atuais são de responsabilidade da própria gestão Géri Dutra, acumulados em apenas 10 meses de mandato.
Dívida total e falhas de gestão
Além da saúde, o relatório também aponta pendências relevantes em outros setores, essas pendências, somadas, elevam o total a R$ 9,8 milhões em dívidas municipais, concentradas principalmente em serviços contínuos e contratos ativos.
Mesmo com uma arrecadação superior a R$ 700 milhões anuais, a Prefeitura não tem conseguido manter regularidade nos pagamentos, o que reforça a percepção de falta de planejamento financeiro e falhas administrativas.
Contexto financeiro e desequilíbrio de caixa
Embora o valor de R$ 9,8 milhões represente cerca de 1,4% da arrecadação anual do município, que ultrapassa R$ 700 milhões, o problema está no tipo de despesa e na velocidade com que os atrasos se acumulam.
Boa parte das pendências envolve serviços essenciais e repasses obrigatórios, o que demonstra falta de planejamento financeiro e dificuldade em manter o fluxo de caixa regular.
Esse cenário, segundo fontes internas, vem gerando desconforto e desgaste entre os setores administrativos e fornecedores, que relatam atrasos crescentes e falta de previsibilidade nos pagamentos.
Empresas contratadas têm buscado contato direto com a Prefeitura para tentar receber pelos serviços prestados, o que evidencia o impacto da desorganização financeira.
A saída do Secretário de Finanças
A instabilidade também atinge outras pastas.
Fontes da própria gestão reconhecem que a pressão interna e o descontrole nas contas podem ter contribuído para a decisão do então secretário de Finanças, Vilmar Possato Duarte, de aceitar o convite para integrar o novo governo de Cruzeiro do Iguaçu.
Além do desgaste técnico, motivos pessoais também pesaram na decisão.
Vilmar é natural de Dois Vizinhos, e voltar à região onde mora sua família teria sido um dos fatores que o influenciaram a deixar o cargo em Pato Branco.
Nos bastidores, a saída de Vilmar é vista como um sinal de esgotamento dentro da equipe econômica e reflexo direto da dificuldade de gestão financeira do governo Géri Dutra (PL).
Um governo sob pressão
Com apenas 10 meses de mandato e três anos e dois meses pela frente, o prefeito Géri Dutra (PL) enfrenta cobranças cada vez maiores por transparência e eficiência.
Enquanto o discurso oficial tenta sustentar a ideia de uma “herança de dívidas”, os relatórios públicos mostram uma cidade com quase R$ 10 milhões em débitos sendo dois terços concentrados na saúde e uma gestão que luta para manter a estabilidade interna e política.
Fonte:Portal de transparência de Pato Branco
Foto:Portal de transparência de Pato Branco

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